HOMILIA XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Js 24,1-2a.15-17.18b \ Sl 33 \ Ef 5,21-32 \Jo 6,60-69
(1) Ao escutarmos a primeira leitura, constatamos, percebemos que nosso Deus não é mero pacifista e conciliador: ao mesmo tempo, ama e corrige. Por meio de Josué, exorta ao povo: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”.
(2) Fomos criados por Deus, primeiro para amá-lo e depois para servi-lo. Deste início fomos chamados a permanecer fiéis ao seu amor e à sua palavra.
(3) Não esqueçamos que seguir Jesus é desafiador. A vida do seguidor de Cristo é exigente. Deus não está preocupado em nos agradar. Ao mesmo tempo, é onipotente e ciumento.
(4) Na primeira leitura, o povo reconhece que Deus é providente no seu amor. É bom constatar o quanto Deus age bondosamente em nosso favor. “Porque o Senhor, nosso Deus, ele mesmo é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi ele quem realizou esses grandes prodígios diante de nossos olhos, e nos guardou por todos os caminhos, por onde peregrinamos, e no meio de todos os povos pelos quais passamos.” (Js 24, 17)
(5) O evangelho imprime o escândalo dos apóstolos e discípulos de Jesus com suas palavras: “Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.” (Jo 6,53)
(6) Tendemos, como apóstolos e discípulos, a pensar como o mundo, como se vida se resumisse nas realidades do espaço e do tempo.
(7) Não se pode crer em Jesus pela metade. É bom fazermos uma adesão completa e sem restrições a sua pessoa. Recordem: Ser cristão é nossa maior dignidade. Não é simplesmente um conjunto de teorias ou doutrinas, mas adesão e fidelidade a uma pessoa: JESUS CRISTO.
(8) Somente pode-se compreender, mas no sentido de aceitar e crer, na fé, na força e luz do Espírito Santo. “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida.” (Jo 6, 62-64) Neste sentido “carne” tem a ver com as realidades ou forças humanas.
(9) No evangelho de hoje, o autor salienta: “Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.” Entre aqueles, alguns não tinham fé. Ora, sem fé o homem facilmente se perde e inclina-se para infidelidade.
(10) Muitos desistiram por causa das palavras de Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.” (Jo 6, 510) A beleza deste capítulo 6, encanta-nos ao compreendermos a profundidade do mistério da Eucaristia. Não é uma representação simbólica, deveras o próprio Cristo.
(11) Na Eucaristia encontramos a centralidade da comunidade de fé.
(12)Sobre este trecho, temos um significativo comentário de Santo Agostinho, que diz, numa das suas pregações sobre esta passagem do Evangelho de São João: “Vede como Pedro, por graça de Deus, por inspiração do Espírito Santo, compreendeu? Por que compreendeu? Porque acreditou. Tu tens palavras de vida eterna. Tu dás-nos a vida eterna, oferecendo-nos o teu corpo e o teu sangue. E nós acreditamos e conhecemos… O que acreditamos e o que conhecemos? Que Tu és o Cristo Filho de Deus, ou seja, que Tu és a própria vida eterna, e na carne e no sangue nos dás aquilo que Tu mesmo és” (S. AGOSTINHO, Comentário ao Evangelho de São João, 27, 9).
(13) Na segunda leitura de hoje, Paulo apresenta-nos uma bela eclesiologia: CRISTO E IGREJA = FIDELIDADE-SUBMISSÃO. Talvez a expressão não seja tão saborosa para ser ouvida. Em um tempo em que se prega uma IGREJA ADAPTÁVEL ao mundo, a liturgia mostra-nos uma IGREJA SERVA, não uma Igreja servil ao mundo, infiel, pacifista, mas acima de tudo FIEL AO SEU ESPOSO.
(14) “A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é indefectivelmente santa.” (Lumen gentium, 39) Como pode a Cabeça ser sã e o corpo doente? Cristo, esposo e cabeça, santifica continuamente a Igreja, que tem como principal objetivo a santidade dos seus membros. “Ele quis assim torná-la santa, purificando-a com o banho da água unida à Palavra. Ele quis apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem mancha nem ruga, nem defeito algum, mas santa e irrepreensível.” (Ef 5, 26-27)
(15) No 4º domingo de agosto celebramos a vocação dos leigos. Peçamos que sejam no mundo sal e luz, com o exemplo e a coragem para anunciar Cristo.
Pe. Jerônimo Pereira Bezerra
_In Christo per Mariam_

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