Homilia Quinta-feira Santa -Coena Domini—


Caríssimos filhos e filhas,


Estamos celebrando a _Coena Domini_, também conhecida como missa do lava pés.

Encerramos, piedosamente, o tempo quaresmal e adentramos no mistério dos três dias de silêncio e oração. 

Cristo, no seu imenso amor, institui o Sacramento da Eucaristia e dom do Sacerdócio. A Eucaristia é o Sacramento do amor, pois Deus se faz pequeno em um pedaço de pão e um pouco de vinho. Expressão grandiosa da misericórdia divina. Sendo Deus, se fez um conosco, “transformou a refeição ritual dos judeus numa refeição mais sagrada ainda, em que Ele próprio", Cordeiro sem mancha, "se deu em alimento daqueles cujo resgate ia operar" (D. Gaspar Lefebvre (org.), Missal Romano Quotidiano. Trad. port. dos monges beneditinos de Singeverga. Bruges: Bíblica, 1963, p. 381).

Na sua graça, deixou-nos o memorial perene de sua paixão, morte e ressurreição. 

É o mesmo Cristo que se oferece estupendamente  em toda Eucaristia, cumprindo amorosamente a sua promessa “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).

De modo perene, Ele se faz presente em todos os altares em que se celebra licitamente e validamente toda Santa Missa. Eis, amados e amadas, o Sacramento do amor, dado a nós para nossa santificação e comunhão com Cristo. 

O rito do lava pés é uma expressão ou molde do Sacramento da ordem, no grau do sacerdócio ministerial. 





Mesmo sabendo que Judas haveria de traí-lo, Jesus não se absteve de lavar seus pés, porque sua vida se fundamenta na caridade, serviço e obediência ao Pai. Certamente o coração de Cristo ficou dilacerado por saber que um daqueles, chamado a ser amigo e participar de sua intimidade, deixou que a avareza, cobiça e vaidade tomasse conta de suas decisões. Aquele que fora chamado a ser fiel, tornou-se um obstinado infiel. Mas hoje, olhando para Judas, quero como Pedro, corado de vergonha e profundamente arrependido, pedir perdão a Deus por minhas traições, infidelidades e falta de vergonha na cara. Por tantas vezes não ter amado Jesus como deveria. O padre deve ser sempre um homem de Deus. Deixar-se ser sempre tomado pela bondade e graça divina.

Padre Paulo Ricardo, destaca: “Trata-se de uma modificação real que o Espírito Santo opera na alma do ordenando, através da imposição das mãos e oração consecratória. Assim, o sacerdote recebe não só o poder de celebrar a Eucaristia, mas também uma graça de estado, que o configura ao sacerdócio mesmo de Nosso Senhor e o torna um membro distinto dos simples leigos.”

Nesta Quinta-feira santa Jesus dá-nos o dom de si mesmo. De modo profundo, sua entrega na última ceia, de fato, perpetua  aquilo que fará mais tarde, nesta  na sexta-feira santa, no patíbulo da Cruz, agora de modo incruento e sem dor.

Estes dois sacramentos estão unidos, pois sem Eucaristia, não há Igreja católica e sem o sacerdócio ministerial, não há Eucaristia. É infinito o valor e grandeza dos dois sacramentos. 

“Ser padre não é outra coisa se não ser crucificado com Cristo”. (Dom Ruy). 

Não pode ser padre, que não se encanta todos dias com Jesus. Não pode ser padre, mas, na verdade, não deveria ser cristão, quem não abrasa o coração na presença e nas palavras de Cristo, como os discípulos de Emaús:  “Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 

(Lc 24,32)

Para receber Jesus na Sagrada Comunhão é preciso ter fé, e, obviamente, o amor a Nosso Senhor. 

É triste, quando percebemos que alguns participam da Santa Missa apressadamente, olhando o relógio, reclamando porque o padre está demorando na homilia. A missa é longa ou sua fé está pouca? Frágil. Ou também pode acontecer que seu amor por Cristo está pouco. Então, hoje, precisamos fazer com o óleo da fé e do amor esborre na lâmpada do seu coração e volta a vibrar de amor a Deus.

“O objetivo próprio e último da transformação eucarística é a nossa transformação na comunhão com Cristo.” (Bento XVI)

Deveria nosso coração arder de amor por Cristo. E dizermos: “Mestre, é bom estarmos aqui.” (Lc 9,33)

Como é nutrir no nosso coração o desejo de estarmos na presença de Jesus, unir-nos de modo íntimo e profundo  ao Mestre.

Se todos entendessem o valor da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial, quando estariam submergidos pela graça de Deus...

Obrigado, Jesus, por, na vossa misericórdia, chamar-me para o sacerdócio ministerial. Sem a vossa graça, nada posso. 

“Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo...” (Lc 21, 16)

Tu, ao olhares para minhas fraquezas, compadece-Te das minhas misérias. Olha-me com tua  imensa bondade. Não permitas nunca que me afaste de vós. Amaste-me primeiro, não posso, Jesus, querer outra coisa a não ser te amar de modo irrestrito e devoto.

Celebrar a Eucaristia é o amor que Deus nos dá para ser amado. Comungue com piedade, devoção e queira permanecer com Jesus na sua vida. A Eucaristia é a presentificação do mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Comungue bem e continue sendo sinal do amor de Deus.

Que cada sacerdote posso irradiar a bondade divina. Manter os olhos fixos em Jesus.

Com a Virgem Maria, sigamos neste caminho de amor.


Pe. Jerônimo Pereira Bezerra 

In Christo Per Mariam 

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