Seminaristas devem usar batina?


Logo de início, SIM. Amar é um processo de entrega, de descoberta. 

“E eu juro a Deus, perante os céus e a Terra,
 pois que a batina o meu futuro encerra:
minha santa batina, eu juro honrar-te!…”

(Padre Manuel Albuquerque)

A batina não é _status_, sinômino de poder, motivo de disputa ideológica. É o Sinal externo de mortificação e de consagração a Cristo. O seminarista deve, aos poucos, compreender o seu destino: um homem que vive para Cristo, morrendo diariamente para suas paixões e amores.

Formar o seminarista no amor as realidades divinas, expurgando do seu coração a vaidade e amor as coisas do mundo. “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com em Deus. ” (Col 3, 1-3)

No futuro como presbítero o seminarista deverá situar-se em “favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.” (HB5,1) Como amará as coisas concernentes ao ministério sacerdotal se no seminário não foi motivado para configuração a Cristo? Torna-se-á um “garotão”, vaidoso e apegado as coisas do mundo. 

Minha velha batina puída. Tão querida  e amada. Toda vez que olho para você, recordo a opção que fiz um dia: morrer para mundo e viver somente para Cristo. Tão simples. Sem detalhes ou adereços. Somente minha velha batina. 

O objetivo da batina é ser um sinal de identificação da opção feita por amor a Jesus, que, no seu imenso amor, nos chamou.

Conheço muitos padres santos que usam batina e outros tantos que também são santos sem usar batina. Não é melhor quem usa ou mais humilde aquele não usuário. 

O lícito é usar. É a veste própria do sacerdote: Cân. 284 — “Os clérigos usem traje eclesiástico conveniente, segundo as normas estabelecidas pela Conferência episcopal, e segundo os legítimos costumes dos lugares”. 

A legislação complementar é, de certo modo, explicativa e explicita o uso: "Usem os clérigos um traje eclesiástico digno e simples, de preferência, o clergyman ou batina”. Então o uso é obrigatório. 

Obviamente, cada um é livre para não cumprir a lei e estará sujeito às sanções eclesiásticas. 

O uso do traje eclesiástico:  a camisa clerical ou a batina, devem ser uma convicção do sentido verdadeiro, as quais contêm a veste talar (batina). 

Em relação aos seminaristas, fica a critério de cada bispo em sua diocese. 

Contudo, é interessante, dentro do processo formativo, preparar o momento adequado para recepção, de preferência, no final da Filosofia e estabelecer orientações e regras para seu uso. 

Uma consciente formação do sentido verdadeiro do uso da veste talar. 

Sinto tristeza quando vejo um seminarista preocupado com a confecção da batina simplesmente por uma questão de vaidade. 

Tento sempre persuadi-lo da importância de que a veste talar deve ter sentido em sua vida. 

Rezemos por padres e bispos santos! Deus, conceda-me a graça da pureza e da mortificação todos os dias e não permita que eu seja guiado por minhas paixões e nem me afaste de Vós. Que minha vida seja sinal profético do vosso amor de forma simples e despojada.

1º Sacramento de mortificação.

Recorda ao sacerdote sua mortificação do mundo, para viver em Cristo. Também lembra ao mundo a necessidade de uma autêntica configuração e compromisso do sacerdote com Jesus. 

2º A batina é presença divina 

em um mundo sem fé, descrente e pagão.

A sotaina é sinal da presença de Cristo e sua igreja. “Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.” (Jo 15,20) “Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.” (Jo 17, 15-17)

3º É um sacramental.

Afasta do ministro ordenado, seminarista ou consagrado as ciladas de Satanás. A batina fortalece a vocação, sendo assim, estabelece os limites e continência correta por causa de Jesus.

4° Sinal da misericórdia divina.

Qualquer padre de batina pode ser sinal do amor de Deus. Todos sentem-se estimulados a depositar confiança a um homem de batina. É sinal de segurança e credibilidade, e tem sua identidade e referência. 

5º Exemplo de obediência e moderação no vestir.

Desperta prudência, modéstia, decoro e inibe a vaidade na forma de vestir do ministro ordenado, seminarista ou consagrado. A batina é mortifical e sacrificial. Nela, esvai-se qualquer espírito de vanglória. A batina proporciona ao ministro ordenado o exercício da humildade, despojamento, seriedade e especial obediência à Igreja e a Deus. Um padre usuário assíduo de batina jamais esquecerá de sua identidade de ministro ordenado e consagrado a Deus.


Pe. Jerônimo Pereira Bezerra

In Christo per Mariam 

Comentários

  1. Perfeito, padre! Concordo plenamente! O uso adequado da batina, bem como o entendimento do seu uso, fala e testemunha por si próprio!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

“A Verdade por Trás da ‘Missa de Sempre’: Tradição ou Ideologia?”

Venerável Pe. Celso Alípio-70 anos de vida sacerdotal

O ESCÂNDALO DA VIDA- PE. PETRÚCIO DARIO