Existir é dom do divino amor

             59 anos de vida sacerdotal do Pe. Delfino

No último 2 de julho, celebrei 10 anos de minha ordenação diaconal. Há 20 anos, 150 dias, 1 hora e 30 minutos, iniciei uma linda história de amor com Cristo. Despertado na família e em um grupo de oração da Renovação Carismática Católica, nunca imaginei a surpreendente ação providente e generosa de Deus em minha vida. Os planos de Jesus foram maiores na minha existência. A vida é marcada pela “eternitude” de um Deus tão bom e poderoso. Com muita humildade, sempre quis ser padre. Unicamente padre. Sempre busquei ser obediente e santo. Tenho um temperamento extremamente colérico. Tipicamente inconformado e, ao mesmo tempo, introvertido, vivo como um eremita: no silêncio, sozinho e na oração, lendo, escrevendo e pensando. Certamente, tenho muito a agradecer ao meu bom Deus pela sua misericórdia e onipotência no meu caminhar existencial. Desejo de _profundis cor_ trilhar sempre seu caminhar, nunca me afastar do seu amor e conformar minha vida a sua vida. Escolhi como tema de minha ordenação diaconal: “Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve!”. (Lc 22, 27). A alegria da minha existência: servir. Está à disposição do seara do Senhor, como um vil instrumento em suas poderosas mãos. Inutilis servus sum! Omnia feci, sed parum feci. Misericordia Domini. Na vida, precisamos fazer escolhas. Decidir, de fato, pelo amor verdadeiro, pois todos os outros amores e paixões são passageiros. É Cristo que permanece sempre conosco. Existir é um grande milagre do divino amor. As sendas da misericórdia de Deus, perpassam e irrompem vorazmente nossa vida, sem mensurarmos a sua ação providente. Deus tem me testado de todos os modos. Seus propósitos são maiores que os meus. Às vezes, fico inquieto por não compreender seus planos. "O meu mundo não é como o dos outros: quero demais, exijo demais. Há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesmo compreendo, pois estou longe de ser um pessimista. Sou, antes, um exaltado, com uma alma intensa, violenta, atormentada. Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... Sei lá de quê!" (Florbela Espanca) Saudade do eterno já residente em meu coração, saudade do seu amor, amo-O, desejo-O no mais profundo do meu coração, mas ainda sinto saudade, vivo como se Deus pudesse estar mais dentro mim. “Meu bem – querer, amor tão puro, como Te amo mais do que a mim mesmo! Meu bem – querer, como te amo, profundamente, intensamente até não mais poder! Meu bem – querer, dentro de mim, me possuindo, me convertendo, me transformando, meu bem – querer!” (Dom Fernando Iório) Tendo meu caminhar para maturidade dos 40 anos, tenho vivido o deserto, não árido, triste. Um deserto de amor, um deserto de encontro com Cristo. No meu caso, tenho percebido Deus me envolvendo com seu amor e fazendo-me um padre mais santo. Bom! Muito bom! Chegar nesta etapa da minha vida: 39 anos e quase 10 anos de padre, percebendo a maravilha de contemplar  Deus com sua bondade. Não vejo a existência com amargura, tristeza e pessimismo, mas alegre, cheio de esperança e repleto de amor. Gratidão é a palavra norteadora do meu coração. Gratidão a Deus, a minha família, especialmente a minha mãe, tia Marlene, minha bisavó D. Audalia ( _In memoriam_ ), tio Manoel e tia Aparecida, meus irmãos, sobrinhos e meus amigos (sei que não sou fácil), a meus paroquianos por me amarem. Grato a Dom Antônio Muniz Fernandes, hoje,  a ele renovo minha total fidelidade, amor e obediência, sou-lhe muito grato, pois quando muitos não acreditaram em mim, Vossa Excelência acreditou e confiou-me missões nas quais muitos duvidavam da minha capacidade. Aos padres, diáconos presentes no meu existir, verdadeiros cireneus, funcionários e cooperadores das várias paróquias por onde passei; ao seminarista José Elivelton, por sua amizade sincera, carinho filial e respeito, pois construímos, ao longo dos anos, uma sólida, santa e sadia amizade; aos seminaristas, obrigado pelo seu sim, que renova a minha vocação; a Dom Dulcênio Fontes de Matos, bispo de Campina Grande/PB, a Vossa Excelência e à Igreja sincera e venerável gratidão, por me conceder o dom do sacerdócio. Por fim, gratidão à estrela radiosa da minha vida, a Santíssima Virgem. Por sua poderosa intercessão, recebo, diariamente, proteção, acalento e amor.


No ocasião tivemos a alegria de celebrar os  59 anos de vida sacerdotal do Pe. Delfino Barbosa.

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