Dom Giambattista Diquattro - O núncio cirúrgico





“Cada Núncio Apostólico é chamado a consolidar os vínculos de comunhão entre as Igrejas particulares e o Sucessor de Pedro. A ele é confiada a responsabilidade de promover, juntamente com os pastores e com todo o povo de Deus, o diálogo e a colaboração com a sociedade civil, para realizar o bem comum. Os representantes Pontifícios constituem a presença do Papa que, através deles, se torna próximo de quantos ele não pode encontrar pessoalmente…” (Bento XVI).

Não pretendo me deter nos conceitos teológicos e nas normas canônicas sobre a constituição de um legado pontifício. Minha rápida percepção sobre Dom Giambattista Diquattro: desde o primeiro contato, observei-o de longe. Seus gestos, olhares, comportamento e o modo como se relacionava com todos. Aproximei-me apenas uma vez para cumprimentá-lo, seguindo os ensinamentos que recebi em casa: não seja invasivo, respeite as autoridades, seja obediente. Se a pessoa não desenvolver conversa, retire-se, cuidado com as palavras, seja sempre gentil e, o mais importante de tudo: “não me faça passar vergonha”. Assim, discretamente, fiquei observando. Seus olhares eram atentos, como os de um bom clínico geral, sempre observando o todo, e não apenas as partes. Olhava para todos sutilmente e pouco conversava. Quando alguém se aproximava para dialogar, ele ouvia em silêncio ou falava o mínimo necessário.

Todo o tempo, permanecia próximo ao anfitrião, o arcebispo metropolitano, e às vezes, em uma sala reservada, fazia perguntas curtas, às quais o arcebispo respondia de forma objetiva. Todos aguardavam ansiosos por suas palavras, afinal, ele era o enviado do Papa. Aos poucos, notei que seus gestos eram refinados, próprios de um verdadeiro diplomata. Tudo feito com discrição. Sem alvoroço. Passos tranquilos. Sorrisos contidos, ou simplesmente sem sorrisos. Postura séria e educada. Não era ríspido, mas extremamente objetivo.

Quando chegou o momento da homilia, ele discorreu de forma precisa sobre a liturgia da palavra: simples, claro, direto e sem delongas. Então, do banco, comentei com um padre amigo: “Impressionante, o núncio foi cirúrgico”. O padre sorriu discretamente, e seguimos em silêncio. Este já é o terceiro Núncio Apostólico que conheço, mas apesar do pouco tempo, percebi algo diferente. Uma sutileza combinada com eficácia nas ações. Ele me deixou uma rica lição: seja claro, objetivo, escute, silencie, seja discreto, respeite a todos, mas também seja vigoroso, ponderado, sensato, equilibrado e ágil na solução de problemas.

O Papa Francisco, ao falar sobre a missão do núncio, diz: “O homem de Deus não ludibria nem engana o seu próximo; não cede a fofocas e boatos; conserva a mente e o coração puros, preservando olhos e ouvidos da sujeira do mundo. Não se deixa enganar pelos valores mundanos, mas olha para a Palavra de Deus para julgar o que for apropriado e bom. O homem de Deus procura, seriamente, ser ‘santo e irrepreensível diante dele’ (Ef 1, 4)” (Francisco).

Desejo sinceramente que continue sua missão em Cristo, sendo sempre um homem da Igreja, zeloso e guardião do “depositum fidei”, um homem de Deus, capaz de transparecer o amor através do zelo apostólico, da humildade, e um homem do encontro. Com sua presença, leva a Igreja aos lugares mais distantes do Brasil, sendo um instrumento constante da verdade, da comunhão e da caridade, e, acima de tudo, seja sempre um servo da oração. Deus abençoe sua missão. A Igreja peregrina em Maceió agradece por sua visita!

Não sei se meu texto chegará às suas mãos, mas deixo registrada minha simples impressão sobre sua presença entre nós.



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