A fraqueza de um sacerdote
Fico verdadeiramente escandalizado quando um sacerdote expõe outro presbítero por causa dos seus pecados, corroborando com os verdadeiros inimigos da Igreja, desejosos de escândalos e sensacionalismos. Deveríamos corar de vergonha. “A Igreja precisa de mais excomunhões”. Não, Tiba, a Igreja precisa de justiça e de misericórdia. “Será que depois de um ano ele corrige? Rezemos. Parabéns ao senhor bispo”. (Pe. Leonardo Wagner. Comentário na postagem do Tiba Camargo sobre o padre de Sobral)
Um desejo insano de
justicismo. Um sarcasmo mentecapto. Um mestre em teologia moral. Alguém douto
que compreende e oferece cursos pagos para milhares de pessoas, com este
discurso de justiceiro. Temos uma séria
dificuldade de autopercepção.
Quantas vezes buscamos
a confissão pelos mesmos pecados? Quantas vezes necessitamos da misericórdia de
Deus? “O convite, portanto, é ser misericordioso com os outros porque do mesmo
modo o Senhor será misericordioso conosco. A segunda parte da mensagem da
Igreja, hoje, é o convite a ter uma atitude de humildade com Deus,
reconhecendo-se pecadores.” (Papa Francisco) Como padre, entendo as dores de um
irmão, a solidão, as incertezas, os medos, as angústias, as tentativas de
compensação, falta de acolhimento, indiferença, carreirismo, perseguição,
julgamentos, fofocas e calúnias. Quero vos dizer: sou humano. Tenho dores.
Adoeço. Não sou super-homem. Tenho inúmeras fraquezas. Traumas. Frustrações e
recalques. Publicamente, exponho-me como ser mortal ou um caniço rachado. As
minhas fraquezas, somente Jesus as conhece de modo total. Com freqüência busco
sacerdotes para confissão sacramental. Luto todos os dias para viver a
santidade no meu ministério. Tenho noites escuras. Chorei tantas vezes no
silêncio e solidão do meu quarto. No meu caso, nunca tive dúvidas em relação a
minha vocação, sempre quis ser padre. Mas há outros irmãos, que, por causa das
crises, podem ter pensado em desistir por causa dos fracassos existenciais.
Peço-vos, com minha miséria, que não exponha a miséria de um sacerdote de modo
sensacionalista. Corrija-o no amor filial e fraternal. Sendo grave, tendo
provas, seja justo, não seja conivente ou leniente com seus erros. Procure um
outro sacerdote, honesto, equilibrado, misericordioso e sensato ou até mesmo
bispo diocesano. Explique de modo verdadeiro a situação, não por denunciação
farisaica, hipocritamente, se achando dono da verdade e “a alma mais honesta
desse mundo”. Recordar sempre que as nossas fragilidades podem ser “locais de
encontro com de Deus” para salvar nossas almas. Tenho recebido, da parte de
Deus, seu infinito amor na minha vida. Hoje, completando quase 10 anos de
padre, posso afirmar: Como sou feliz! Obrigado a tantos padres e bispos por
seus exemplos de verdadeiros heróis na fé. Conheço tantos padres e bispos
santos, dedicados ao seu povo e configurado a Cristo. Verdadeiras velas consumidas
pelo trabalho pastoral. Gratidão a todos que foram cireneus na minha vida.
Sejamos mais Jesus do que Herodes. Diante da mulher pecadora, Jesus não expôs
seus pecados, mas fez-lhe um convite:
“Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher,
onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?
Respondeu ela: Ninguém,
Senhor. Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.”
(Jo 8, 11-12) Imitemos Jesus, acolhendo no amor e conduzindo-os a conversão.
“É uma grande graça, a vergonha. Assim
recordamos: a atitude em relação ao próximo, recordar que com a medida com a
qual julgo serei julgado. E se digo algo sobre o outro, que seja generosamente,
com muita misericórdia. A atitude diante de Deus, este diálogo essencial: “A Ti
a justiça, a mim a vergonha”. (Papa Francisco)
Pe. Jerônimo Pereira
Bezerra
In Christo per Mariam

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