Resposta a padre sobre o aborto e comunismo
Reverendíssimo Pe. Cleiton Silva
Vossa reverendíssima presta um desserviço desastroso na obra de evangelização. Um posicionamento pífio, sem fundamentação teológica e canônica. Prejudica a fé católica e é uma expressão vergonhosa de infidelidade a Cristo e a sua Igreja.
De vossa parte, demonstra o desconhecimento do ensinamento da Igreja ou desonestidade na fé. As duas possibilidades são perigosas para um presbítero.
Vamos lá:
SOBRE O ABORTO
“Os católicos, em tal emergência, têm o direito e o dever de intervir, apelando para o sentido mais profundo da vida e para a responsabilidade que todos têm perante a mesma. João Paulo II, na linha do perene ensinamento da Igreja, afirmou, repetidas vezes, que quantos se encontram diretamente empenhados nas esferas da representação legislativa têm a “clara obrigação de se opor” a qualquer lei que represente um atentado à vida humana. Para eles, como para todo o católico, vale a impossibilidade de participar em campanhas de opinião em favor de semelhantes leis, não sendo a ninguém consentido apoiá-las com o próprio voto.” (NOTA DOUTRINAL
sobre algumas questões relativas
à participação e comportamento dos católicos na vida política. Datada: 21/11/2022)
Grifo: “não sendo a ninguém consentido apoiá-las com o próprio voto”.
Todos os fiéis, por consciência de fé católica, são impedidos de votar em candidatos abortistas. Não há razoabilidades na fé o vosso argumento: “Você luta contra o aborto: buscando uma sociedade mais justa, sem machismo, e sem violência contra mulher; evangelizando as pessoas e formando consciências.”
Caríssimo, tenha decência na fé. Coragem e conversão pessoal para desenvolver fidelidade a Cristo e a sua Igreja.
O aborto é um homicídio. O aborto... sem meias palavras: quem faz um aborto, mata.“ (Papa Francisco)
"Sim, esta excomunhão não seria arbitrária, mas sim permitida pela lei canônica, que diz que matar uma criança inocente é incompatível com receber a comunhão, que é receber o corpo de Cristo”. (Papa Bento XVI)
O cânon 1398 diz: “quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão _latae sententiae_".
O aborto é por si, injustificável, não simplesmente por razões teológicas ou religiosas. Mas, por ser vida uma bem inviolável. Como professor de ética e teologia moral deveria conhecer profusamente o ensinamento da Igreja. Vergonhoso. Escandaloso. Pernicioso. É desonesto na fé o discurso pacifista ou leniente com tal prática. Verdadeiramente, não coaduna com a fé católica.
“A colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canônica da excomunhão este delito contra a vida humana. «Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito («effectu secuto») incorre em excomunhão _latae sententiae_ (CIC cân. 1398), isto é, «pelo facto mesmo de se cometer o delito» (CIC cân. 1314) e nas condições previstas pelo Direito (cf. CIC cân. 1323-1324).
A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente, manifesta a gravidade do crime cometido. O prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade”.
Sobre o comunismo
Em 1846, o Papa Pio IX promulgou a encíclica “Qui Pluribus”, sobre fé e religião, na qual já combatia vigorosamente as ideias de Marx, que, em 1848, publicaria O Manifesto Comunista. Pio IX ali se referia à “nefanda doutrina do Comunismo, contrária ao direito natural, que, uma vez admitida, lança por terra os direitos de todos, a propriedade e até mesmo a sociedade humana”. Ele advertia contra “as mais perversas criações de homens que, trajados por fora com peles de ovelha, por dentro não passam de lobos rapaces”.
Sabemos da nocividade peremptória do Comunismo nas mais diversas sociedades e países onde está implantado. Morte, degradação dos valores morais, perseguição religiosa, destruição da família, corrupção é uma famigerada e nefasta busca pelo poder.
O comunismo, socialismo, marxismo ou qualquer ideologia oriunda destes modos de pensar são uma ofensa ao coração de Deus.
A ideia fundamental dessa corrente subjaz um materialismo e um imanentismo, ou seja, esquece da vida eterna e busca o mito de uma sociedade utópica, sem classes. Neste sentido, para os comunistas, a Igreja é o “ópio do povo”, uma droga alienante, impedimento real para uma verdadeira “justiça social”. Pensam o homem restritivamente, como um ser simploriamente sujeito de relações sociais, desaparece o homem como sujeito autônomo de suas decisões morais, isto é, livre. Condicionado ao Estado, sua vida está implicada a viver sem direitos e liberdades. “O Comunismo nega o direito da propriedade particular, e defende que, todos os meios de produção devem estar nas mãos do Estado. A Igreja não concorda com isto; embora a injusta distribuição acarreta graves males, e é preciso ser corrigida, mas nem por isso se deve negar o direito à propriedade particular.”
Concluo: são improcedentes e esdrúxulas suas posições sobre o aborto e Comunismo. Estas duas realidades são graves atentados à fé católica, impedem a implantação do reino de Cristo neste mundo, esquecem de Deus, dos valores cristãos e da vida eterna.


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