Retiro do clero - “REAVIVA O DOM DE DEUS QUE HÁ EM TI” (2 Timóteo 1, 6)



O retiro é uma oportunidade de revermos nossa caminhada e mergulharmos profusamente no mistério insondável do amor de Deus. Depois de 2 anos, estou participando de um retiro do clero. Sinto Deus em todos os momentos. 

O pregador: Dom Vitor Agnaldo Menezes, bispo diocesano de Propriá/SE, de modo simples, suave e profundo, tem nos levado à mistagogia do mistério sacerdotal. 

Às vezes, é necessário parar para refazermos a rota da nossa caminhada. Tendemos, pelo cansaço, afazeres e dificuldades, nos distanciarmos do projeto de Deus. Cotidianamente somos: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas”. (Lc 10,40)

O pregador tem nos instigado severamente à reflexão séria e acurada sobre a existência e o exercício do ministério sacerdotal. 

Então comecei a refletir sobre os últimos 10 anos do caminho vocacional: de modo geral, graças a Deus, santamente, com erros, dificultares, crises, desânimos e incertezas, porém, acima de tudo, com muito amor, doação e alegria, pois não posso “jamais perder de vista aquilo que  realmente sou: _alter Christi e que ajo in Persona Christi_.”

Amar Jesus é uma ousada aventura, pois são diversos os desafios no exercício do ministério. 

De certo, não há modo de viver se não compreendendo a largueza e profundidade da nossa vocação tão sublime de sermos continuadores da obra de Cristo. 

Ora, não são as dificuldades, conjunturas ou contextos pessoais e sociais e nem os pecados que definem o mister ou identidade do sacerdote, mas Cristo. 

Não há como negar a necessidade do desapego. 

O arcebispo de Maceió fez-nos uma profunda reflexão: às vezes, tendemos a colocar nossa segurança nos “anzóis” da vida. “Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir.“ (Mt 19, 27), “Mas não convém escandalizá-l. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti”. (Mt 17,27)

Será que Pedro pescador abandonou tudo? 

Às vezes fixamos nossas vidas na necessidade de segurança e esquecemos de Cristo, pois “só ele é meu rochedo e minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei.” (Sl 61, 7)

Preciso restabelecer a ordem da caminhada, prosseguir com ternura, ser mais dócil e próximo dos outros. De fato, precisamos de padres ternos, mansos, pacientes e afáveis. O retiro não é uma oportunidade catedrática ou academicista, mas uma ocasião de vivenciarmos a beleza da nossa vocação. O pregador proporcionou com maestria um mergulhar na graça divina, provendo adentrarmos de modo pragmático e profundo naquelas aéreas e situações incômodas, fazendo-nos revisitar o primeiro amor e sair das nossas zonas de conforto. A necessidade de sermos íntimos de Jesus. Naquelas noites escuras, somente podemos fazer como João: reclinar a cabeça no peito de Cristo (Jo 13, 25). 

Verdadeiramente, somos chamados a ser homens eucaristizados: nossa vida está centrada no nosso amor a Cristo. Somos sinais de Deus, verdadeiras arcas da aliança. Lindo pensarmos que trazermos Cristo e suas marcas no nosso ser. A espiritualidade sacerdotal é essencialmente cristológica.

Que a Virgem Maria ajude-nos a nunca arrefecermos o fogo do Espírito Santo. Sigamos seu exemplo de fidelidade e amor e dedicação. 

O arcebispo ainda destacou na festa da Natividade de Nossa Senhora: “Não podemos fugir da Cruz. É importante sempre resgatarmos a teologia da Cruz. Às vezes esquecida, mas muito importante”. Ninguém pode desejar a ressurreição sem

experimentar o mistério da dor, do sacrifício e da Cruz. Temos que está dispostos para cruz . 

Por fim, conforme o Cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, o objetivo essencial de um retiro espiritual é “realizar, ou renovar, um encontro pessoal com Jesus no Espírito Santo. No centro de tudo, não há um tema, mas uma pessoa. Mais do que insistir no exercício de nossas faculdades – inteligência, vontade e memória -, as meditações insistem na graça de Deus acolhida na fé. O retiro deve ser também, justamente, um tempo de revisão de vida, de encontro pessoal com a Palavra. O importante em um retiro espiritual não é ouvir coisas novas e inéditas, mas coisas úteis e essenciais para a vida.” (Pastores e Pescadores, 2021, Editora Ave Maria). “O nosso rosto, após o retiro, precisa está transfigurado, pois fizemos a experiência com Jesus.” (Dom Vitor Agnaldo Menezes, bispo de Propriá/SE)

Venerável gratidão ao pregador pela oportunidade de favorecer o encontro pessoal com Jesus. 



Pe. Jerônimo Pereira Bezerra 
In Christo Per Mariam 

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