HOMILIA DE NATAL


HOMILIA DE NATAL

O Natal é um dom amoroso da providência e bondade divinas. Como escutamos pelas palavras do profeta Isaías: “

O povo, que andava na escuridão,

viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos.” ( Is 9, 1-2)).

Alegrem-se, pois Deus habitou no nosso meio. De Belém irradia-se a luz do amor divino. Cristo, o dom salvador do Pai, se encarna no seio virginal da belíssima Filha de Sião. Enchemos nossos corações de esperança, e assim, podemos cantar com o salmista: “Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor”.

“Jamais pode haver nascimento sem amor. Neste ponto, a virgem estava certa. A geração de uma nova vida requer o fogo do amor. Mas além da paixão humana que gera vida, há a “paixão impassível e a tranqüilidade frenética do Espírito Santo; e foi isso que cobriu a mulher e gerou nela o Emanuel ou “Deus conosco”. (Fulton Jonh Sheen)

Pela ação do Espírito Santo, o ”Fiat” de Maria nos trouxe o próprio amor. Verdadeiramente, a Virgem Maria é a “portadora do dom de Deus para humanidade”.

Deus encarna-se no seio de uma mulher. Por sua justiça, bondade e misericórdia, recupera o que nossos primeiros pais perderam pela desobediência, contaminando toda humanidade, quando, no Jardim do Édem disseram não ao amor de Deus.

“Assim como no primeiro Jardim Eva trouxe a destruição, também no jardim de seu ventre Maria traria a redenção”. (Fulton Jonh Sheen)

“Ele nos amou tanto que, por nossa causa, foi feito homem no tempo, por meio de quem todos os tempos foram feitos. Estava no mundo há menos anos do que Seus servos, embora mais velho do que o próprio mundo em Sua eternidade; foi feito homem quem fez o homem; foi criado de uma mãe, a quem Ele criou; foi carregado pelas mãos que Ele formou; amamentou-o nos seios que Ele havia enchido; gritou na manjedoura na infância sem palavras, Ele, a Palavra sem a qual toda eloquência humana é muda. (St. Agostinho, Sermão 188).

Deus no seu imenso amor se fez Carne e habitou entre nós. No século V, São Leão Magno, Papa de Roma, dizia ao povo na noite de hoje: “Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida!”

Do santo Natal desponta a alegria e esperança pela vinda do Messias, o Salvador da humanidade. Deus _per Incarnationem Filii sui salvavit hominem_! Hoje não pode haver a tristeza no nosso coração. O motivo da exultação, da alegria da Igreja – O Menino, tão frágil, tão pequeno, na simplicidade e humildade da Criança se encontra a razão de nossa existência.

“Preste bem atenção: porque tu és fraco, ele veio sustentar-te; porque tu és inconstante, ele veio permanecer contigo; porque tu muitas vezes não sabes o caminho, ele se vez visível na nossa carne; porque tu vives em trevas, ele apareceu como luz; porque tu não podes subir a Deus, ele desceu para te elevar! Que amor tão grande, que caridade sem medida! Nesta Noite, a Virgem deu à luz o próprio Deus na nossa humanidade mortal!” (Dom Henrique Soares da Costa)

No nascimento o Menino não encontrou lugar nas hospedarias, mas no estábulo. “Não havia lugar na hospedaria, mas havia lugar no estábulo. A hospedaria é o lugar da assembléia da opinião pública, o ponto central dos humores do mundo, a reunião do mudanismo, o lugar de ajuntamento dos populares e famosos. Mas o estábulo é um lugar para os proscritos, para ignorados, para os esquecidos. O mundo pode ter esperado que o Filho de Deus nascesse – se é que tinha de nascer- numa hospedaria. Um estábulo seria o último lugar no mundo onde alguém procuraria por ele. A divindade sempre está onde menos espera”. (Fulton Jonh Sheen)

Por fim, pergunto-vos: Vosso coração tem sido uma hospedaria ou estábulo? Hospedaria, ou seja, lugar de confusão, de mudanismo, de pecado, onde a graça de Deus não habita, ou, apesar das suas falhas e pequenez tem buscado ser um estábulo, simples, sujo, contudo tentado limpá-lo para que o MENINO-DEUS possa adentrar e aí nascer?

Hoje, olhe para o presépio. Na inspiração de São Francisco de Assis, podemos perceber a singeleza do amor de Deus. “Antes de mais nada, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até a nossa pequenez. O dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda a vida. Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado.” (Papa Francisco)

Que a Virgem Maria, a mãe de Jesus, nos ajude neste santo tempo do Natal a limpar nossos corações para Jesus permanecer sempre conosco. Somos convidados a permanecer na amizade com Cristo.

 

Pe. Jerônimo Pereira Bezerra

_In Christo per Mariam_.

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