A barbárie com os Yanomami



A voz do profetismo não pode se calar diante de qualquer  atentado à vida. Recebi uma crítica de amigo seminarista, dizendo que meu Instagram estava muito politizado, pois tenho postado opinião sobre o presidente da república. Livremente e de modo consciente, não votei nele e nunca votarei. Opção pessoal. Afirmou o referido seminarista: “Despolitize o teu conceito de religião”. Expliquei que política e religião possuem verdadeira relação: as duas, ontologicamente, estão preocupadas com o bem comum. Algo que não combina com a religião é a política partidária e ideológica, pois contamina e enche os corações de bílis e amargura. Gera contenda e desavença. Depois, justificou do seguinte modo: “Vou começar a detonar essas concepções ultraconservadoras. Tudo bem... Mas esteja atento aos acontecimentos que desembocaram em genocídio.” Argumentos mentecaptos e néscios. A justificativa pífia em relação ao governo de Bolsonaro. Honestamente, não entendi. Defender a vida e ser contra a Lula, não quer dizer que concordo totalmente com Bolsonaro. Deus me concedeu um temperamento inconformado com injustiça, corrupção e desonestidade. Depois retrucou: “FALE UM POUCO SOBRE O GENOCÍDIO EM RORAIMA... FAZER ISSO É SER DEFENSOR DA VIDA...” Nem sabia sobre o que estava acontecendo, pois estes dias têm sido assoberbados. O aborto é uma triste  degradação da dignidade humana. O desleixo e o abandono da vida dos povos indígenas ou de qualquer pessoa, por causa da corrupção nefasta é um pecado grave contra ao coração de Deus. Quando olhei as fotos, chorei. Senti-me profundamente tocado. Como alguém pode fazer o mal por causa da vaidade, ganância e dinheiro? Chegamos ao fim do poço enquanto seres humanos. A barbárie e selvageria, tristemente, acontecem desse modo em vários locais, a saber: hospitais, presídios, comunidades indígenas, asilos de idosos e orfanatos. Estamos com os olhos

Serrados para o vilipendiamento da dignidade humana. Escandalizou-me porque um seminarista, colocando a hierarquia das verdades, indiretamente, deixou entender que a situação de Roraima é mais importante que o aborto. As duas realidades são atentados graves à dignidade e à vida humana. A tristeza e revolta devem imperar em nossos corações, pois podemos contemplar nesses nossos irmãos o próprio Cristo desfigurado e sem aparência humana. “Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.

Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.” (Is 53, 2-5)  Talvez alguém pergunte: Estas profecias se referem a Cristo? Sim, mas numa hermenêutica espiritual podemos contemplar Jesus em tantos irmãos sofredores. 

Deus nos converta para não nos conformarmos com a injustiça e a falta de caridade com os mais pobres. Que nossas desavenças ideológicas, não sejam mais importantes que nosso profetismo.

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