“Quem tem fé parte”. (Dom Paulo Jackson)

                                                                Foto: @focodivino

Tornei-me, ao longo dos anos, um eremita. Aos poucos, fui me afastando do mundo e me aproximando de Deus. Deixando ser, com sinceridade, de _profundis cordis_ para pertencer somente a Ele, Não me fechei. Criei e estabeleci novos círculos de amizade, afetos e sempre tive, a minha volta, pessoas que cuidam de mim, me amam e se preocupam comigo. A minha família, cada um do seu jeito e do seu modo, também continua presente na minha história. Não faço conchavos. Não me alio a jogos de poder. Não gosto de fofoca e nem de bajulação. Sou focado na vida de oração, no estudo e na vida pastoral. Nos últimos anos, tenho cuidado zelosamente da minha saúde, por ser ainda um jovem padre de 40 anos. Aqueles que convivem no cotidiano da minha vida sabem o modo que escolhi para viver, e tenho encontrado a verdadeira paz. Vivo com outros e para os outros em vários momentos e espaços, porém, no final do dia, recolho-me na capela do Santíssimo para me unir a Cristo na oração discreta e silenciosa. Tenho servido a Cristo na sua Igreja com muita dedicação, e, certamente, este é o segredo da felicidade. Mesmo na solidão, encontrei o amor da minha vida, - JESUS! _Gesù è la gioia della mia vita_. _L'amore che riempie la mia esistenza_. (Jesus é a alegria da minha vida_. _O amor que preenche minha existência) Nós, consagrados, seja no ministério ordenado ou na vida religiosa, enfim, todo cristão, não pode ter o coração dividido. Pertencemos unicamente a Jesus Cristo. Certa vez, escutei do arcebispo de Olinda e Recife–PE, Dom Paulo Jackson, dirigindo na posse ao bispo do Crato–CE, Dom Frei Magnus Henrique: "É preciso partir, pois quem tem fé parte como Abraão. Que todos sejam um". E eu interpreto essa frase, em primeiro lugar com referência a nós mesmos, a cada um de nós, ser um Dom Magnus, ser uma pessoa minimamente equilibrada, compensado e resolvido naquilo que é possível segundo a graça de Deus para ajudar os outros irmãos e irmãs a ser um. Sê uma benção. Seja benção para esse povo do Ceará, para que sejam benção uns para os outros pela intercessão de Nossa Senhora, mãe de todas as horas. Sê uma benção para seu povo”. Estas palavras são de uma profundidade teológica e psicológica enorme: “Ser um”. Fiquei a refletir depois: Como posso ser um? Ser um homem inteiro, se o mistério de iniquidade, o pecado, às vezes me divide, torna-me um homem partido. Fui reler o texto de Gn 12, depois que Deus ordenou Abraão para partir, disse: “eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos.” (Gn 12,2), seguindo revisitei Jo 17, no qual a oração sacerdotal é o texto mais longo na Sagrada Escritura da oração de Jesus. Notável ser um momento de oferta por amor ao mundo. Por amor especial aos discípulos, entre eles, sua fiel e amorosa mãe. Ser um em Deus, apesar de sermos quebradiços. Ser um no amor, na fidelidade, na oração, na dedicação, apesar das limitações na obra do Senhor, ser um nessa atitude oblativa de viver para outros por causa de Cristo. Ser um apesar das dificuldades pessoais e comunitárias, tendo a consciência que Jesus sustenta com sua providência todas as coisas. Ser um, sendo benção, apesar das calúnias, intrigas, jogos de poder, inveja, fofoca, maledicências, sofrer tudo por amor a Jesus e continuar sendo benção para outros. Não seja falso. Não deixe crescer no seu coração o fermento da hipocrisia ou da dissimulação. Sê sempre benção para outros. Lindo! Fantástico. Seja inteiro em Cristo. Aliis benedictus esto propter Christum_. (Sê benção para outros em vista de Cristo). Não podemos esquecer: A GRAÇA DIVINA CHAMA-NOS E AUXILIA-NOS A SERMOS BENÇÃO E A SERMOS UM.

Portanto, sem auxílio divino é impossível sermos homens e mulheres inteiros, e esta inteireza se realiza na nossa união a Jesus.