Será o fim do mundo? As romarias no Juazeiro do Norte/CE e a dedicação da Igreja do Horto
Nestes dias experimentei a graça pela primeira vez da Romaria da Senhora das Candeias e a dedicação da Igreja do Bom Jesus do Horto. Foram magníficas expressões de fé de um povo rico em amor a Cristo, a Virgem Maria, Padre Cícero Romão Batista e a Igreja. Em várias partes do mundo, mas especialmente no Brasil, constatamos de modo genuíno e profundo as manifestações de piedade popular. O povo de Deus católico, encontram na simplicidade da vida o desejo de buscar nas romarias, procissões, festas de padroeiros e ocasiões devocionais modos de expressar a fé. Há anos venho para Juazeiro do Norte/CE, aqui encontro gente de vários estados e cidades do Brasil. Um povo que vive sempre caminhando. Caminhar na Igreja significa unir as mãos em uma igreja sinodal, caminhar juntos, capaz de mergulhar sempre mais na fraternidade universal. “O caminhar é um verdadeiro canto de esperança e a chegada é um encontro de amor. O olhar do peregrino se deposita sobre uma imagem que simboliza a ternura e a proximidade de Deus. A súplica sincera, que flui confiante, é a melhor expressão de um coração que renunciou à autossuficiência, que sozinho nada pode. É por isso, que muitos, em diferentes momentos da vida cotidiana, recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: um crucifixo, um terço, uma imagem, uma vela que se acende para acompanhar um familiar enfermo, um Pai-nosso recitado entre lágrimas, um olhar confiante a uma imagem querida de Maria e de algum outro santo, um sorriso dirigido ao Céu em meio a uma alegria singela.” (Dom Canísio Klaus - Bispo de Sinop (MT)). Na verdade, somos todos peregrinos nesta vida, ora, as romarias são prenúncios da vida eterna. “Abrão partiu como o Senhor lhe tinha dito, e Lot foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos, quando partiu de Harã.” (Gn 12,4). Como Abraão obedecemos a Deus para fazermos a experiência de encontrarmos na caminhar da vida os irmãos e o próprio Cristo. “É bonito perceber como o Velho Simeão elogia aquela família (Jesus, Maria e José), e a mesma coisa faço quando vejo vocês aqui, porque afinal de contas a primeira coisa que José e Maria fizeram quando Jesus nasceu, foi a preocupação de entregá-lo ao Pai. A grande alegria que eles tiveram foi fazer aquilo que todos nos devíamos fazer, entregar nossos filhos a Deus. Precisamos de Deus. Precisamos transformar toda a sociedade a partir da luz que vem do alto. Precisamos resgatar a nossa piedade, o nosso coração e peregrinar para o coração de Deus. Praticando a fé. Tendo coragem de superar as nossas dificuldades. Para isso contamos única e exclusivamente com a graça que vem do Senhor pela ação do Espírito Santo.” (Dom Gregório Paixão - arcebispo de Fortaleza). Contemplar os romeiros é olhar para céu, ver no rosto de cada um, apesar das pelejas, distâncias, dificuldades, a beleza da fé e do amor, plantados como semente do reino no coração de cada um. Também sou romeiro, peregrino, que venho a Juazeiro do Norte/CE, todos os anos para fazer um simples devoto. Depois de tantos anos a nação romeiros ver o templo do Bom Jesus do Horto ser dedicado para o serviço litúrgico. “Suplico aos padres Salesianos que terminem a construção da capela do Horto que comecei a construir para cumprir um voto que eu e meus falecidos colegas e amigos fizemos quando apavorados com o resultado da seca de 1889 com o povo dessa terra, ao Santíssimo Coração de Jesus.” (Pe. Cícero Romão Batista). O dia 3 de fevereiro ficará marcado nos anais da história da fé, como cumprimento de uma promessa feita a Cristo pelo servo de Deus, Pe. Cícero Romão Batista. É um suntuoso e moderno templo, capaz de acolher e abrigar os romeiros para unirem-se ao Bom Jesus do Horto. Desejo destacar a mestria do Pe. Cícero José e todos os vigários paroquiais, como também sociedade civil organizada, cooperadores, voluntários, responsáveis peja organização das romarias em Juazeiro do Norte, como também a paternidade, zelo, afeto e cuidado de D. Magnus Henrique, bispo diocesano, suas palavras, presença e modéstia são expressões fiéis de um filho de Francisco de Assis. Sendo bispo, se faz na simplicidade irmãos com todos. As romarias e todas as experiências vividas no Juazeiro do Norte são expressões calorosas de fraternidade, amor, acolhimento e busca de santidade. Segundo à piedade popular, com a conclusão da Igreja do Horto o mundo vai se acabar. Esperamos confiadamente que aconteça uma transformação no coração de cada um de nós. A verdade é que a Igreja do Horto representa para milhões de fiéis o desejo da beatificação e canonização do Pe. Cícero Romão Batista, o menestrel da fé do Nordeste Brasileiro. Concluo com as palavras do Papa Francisco: “A piedade popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em profunda comunhão com os vossos Pastores. Amados irmãos e irmãs, a Igreja ama-vos! Sede uma presença ativa na
comunidade: células vivas, pedras vivas. Os bispos latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é «uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja» (Documento de Aparecida, 264). Isto é importante! Uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja. Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã, uma aragem fresca! Nesta Praça [de São Pedro], vejo uma grande variedade, antes, de guarda-chuvas e, agora, de cores e de sinais. Assim é a Igreja: uma grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade; a variedade reconduzida à unidade e a unidade é o encontro com Cristo.”

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