“Bispos comunistas” se reúnem em Aparecida/SP








A vida eclesiástica fundamenta-se no princípio da unidade. Escutei: “os bispos comunistas vão agora continuar sua agenda progressista e falar ecoteologia”. Penso verdadeiramente preocupado, como presbítero, com os exageros e rotularização generalizada do episcopado brasileiro. Há uma grande parcela de homens santos, prudentes e virtuosos que compõem atualmente o corpus episcopale no Brasil, desmerecer suas virtudes e trabalhos simplesmente porque questões meramente ideológicas não é o melhor caminho. A Conferência episcopal em país é um dispositivo canônico, precipuamente gerado desse necessário elemento, sendo a comunhão eclesial. O Brasil é continental, as missões e atividades dos bispos são muitas. Trabalhei no período de estágio para o diaconato e depois como diácono com d. Dulcênio Fontes de Matos, atual bispo de Campina Grande–PB, tinha verdadeiramente a sensação de que ele não descansava, nem na segunda-feira, mesmo não tendo compromisso, criava compromissos para serem realizados na Palácio Episcopal, por exemplo: preparação das homilias, encontro pessoal com sacerdotes, gravação de áudio para mensagens diárias e oração diária.

“O bispo, como sabeis, não é um homem solitário, mas está inserido naquele corpus episcoporum proveniente da sucessão apostólica até os nossos dias, ligando-se a Jesus, "Pastor e Bispos das nossas almas". A fraternidade episcopal que viveis nestes dias, se prolongue no sentir e no agir cotidiano do vosso serviço, ajudando-vos a trabalhar sempre em comunhão com o Papa e com os vossos irmãos de episcopado, procurando cultivar também a amizade entres vós e os vossos sacerdotes.” (Discurso de Bento XVI aos bispos de recente nomeação, Castel Gandolfo, 2011).

O Papa Bento XVI explicou aos Bispos da Regional Centro-Oeste na última visita ad limina, no dia 15 de novembro de 2010, a natureza e missão das conferências episcopais. Ele diz: "assim sendo, a Conferência Episcopal promove a união de esforços e de intenções dos Bispos, tornando-se um instrumento para poderem compartilhar as suas fatigas."

São João Paulo II publicou a Carta Apostólica sob forma Motu Próprio "Apostolos Suos", no dia 21 de maio de 1998, nela, explícita de modo profunda a necessidade da unidade do episcopado.

“A unidade do Episcopado é um dos elementos constitutivos da unidade da Igreja.[39] De facto, por meio do corpo dos Bispos, a tradição apostólica é manifestada e guardada em todo o mundo; [40] e a partilha da mesma fé, cujo depósito está confiado à sua guarda, a participação nos Sacramentos,« cuja distribuição regular e frutuosa ordenam com a sua autoridade», [41] a adesão e obediência que lhes é devida como Pastores da Igreja, são os elementos essenciais que compõem a comunhão eclesial. Precisamente porque permeia toda a Igreja, esta comunhão estrutura também o Colégio Episcopal e constitui« uma realidade orgânica, que exige uma forma jurídica e é, ao mesmo tempo, animada pela caridade”

Ela figura a correta e necessária unidade da própria Igreja enquanto continuadora no mundo da obra salvífica de Cristo. O Código de direito canônico assim estabelece: -“A Conferência episcopal, instituição permanente, é o agrupamento dos Bispos de uma nação ou determinado território, que exercem em conjunto certas funções pastorais a favor dos fiéis do seu território, a fim de promoverem o maior bem que a Igreja oferece aos homens, sobretudo por formas e métodos de apostolado convenientemente ajustados às circunstâncias do tempo e do lugar, nos termos do direito.” (Cân 447 até o cân 459) As visões ideológicas de cada bispo, não expressão de fé e doutrina da Igreja, pois tem a missão de salvaguardar o depositum fidei. Precisamos esvair da Igreja esta constante e fatigante briga ideológica no interior da Igreja que em nada contribui para a unidade desejada por Cristo: “Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17,21). Sejam vermelhos, brancos, azuis, amarelos, não importam a cor de suas convicções ideológicas ou visão de mundo, mas a verdade é que são verdadeiramente sucessores dos santos apóstolos. Compete, sensus fidelium, nossa oração e comunhão, dispondo nossa vida para glória e honra de Cristo, como discípulos e missionários, que todos somos e fazemos parte da Única Igreja deixada pelo Senhor Jesus.

“Para estabelecer esta Sua Igreja santa em todo o mundo até à consumação dos séculos, Cristo outorgou ao colégio dos doze o ofício de ensinar, governar e santificar (6). Dentre eles, escolheu Pedro, sobre quem, após a profissão de fé, decidiu edificar a Sua Igreja. A ele prometeu as chaves do reino dos céus (7) e, depois da profissão do seu amor, confiou-lhe a tarefa de confirmar todas as ovelhas na fé (8) e de apascentá-las em perfeita unidade (9), permanecendo eternamente o próprio Cristo Jesus como pedra angular fundamental (10) e pastor de nossas almas(11).” (DECRETO UNITATIS REDINTEGRATIO SOBRE O ECUMENISMO, n.º 2). Toda forma de rotularização generalizada é perversa, é maléfica para bem supre da Igreja de Cristo. Somos diferentes, pensamos diferentes e compreendemos o mundo de modo diferente, mas não somos inimigos, porém irmãos com missão de anunciar Jesus Cristo. Então, deixemos de lado nossas questões individuais e experimentemos o amor a Cristo e sua Igreja. “Fidelidade a Cristo, fidelidade à Igreja, fidelidade à Igreja, fidelidade a Cristo". (Dom José Ruy, bispo de Caruaru/Pe)

Rezemos para que o Espírito Santo derrame com profusão sua graça sobre todos os participantes da 61° assembléia dos bispos do Brasil.

 


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