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O ESCÂNDALO DA VIDA- PE. PETRÚCIO DARIO

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“O Peso suave das Histórias” Nestes dias participo do retiro anual do clero, a terceira turma. Aqui estão os padres e diáconos idosos, e também aqueles que, como eu, não puderam participar das primeiras datas. E, generosamente, Jesus concedeu-me uma graça inesperada: cuidar de um dos padres mais idosos do nosso presbitério, Monsenhor Delfino Barbosa. Entre repousos, pequenas necessidades e longos silêncios partilhados, aprendi que a velhice tem um ritmo próprio — mais lento, mais frágil, mas cheio de uma sabedoria que somente o tempo concede. Uma velhice à qual é concedida esta lucidez é um dom precioso para a geração que há de vir. A escuta pessoal e direta da narração da história de fé vivida, com todos os seus altos e baixos, é insubstituível. Lê-la nos livros, vê-la nos filmes, consultá-la na internet, por muito útil que seja, nunca será a mesma coisa. (FRANCISCO, 2022)   E é exatamente assim que tenho experimentado estes dias: caminhando entre memórias vivas, histórias que não...

MONSENHOR DELFINO, ARAUTO DO EVANGELHO

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  MONSENHOR DELFINO, ARAUTO DO EVANGELHO Hoje tivemos a alegria serena e profunda de receber entre nós o monsenhor Delfino Barbosa. Sua presença é marcada por aquela simplicidade própria de quem ama a Cristo. A presença dos padres idosos é sempre alegria. Escutá-los é uma maravilha. E é mesmo. Há algo de solene e, ao mesmo tempo, familiar quando um ancião da fé atravessa a porta e ilumina o ambiente com a sua história. A vida, essa grande costura de encontros, é marcada por pessoas que deixam em nós, com o testemunho de suas vidas, a presença silenciosa e forte de Deus. Monsenhor Delfino, com seus 90 anos de idade e 62 anos de ministério sacerdotal, é um desses sinais que permanecem. Uma existência despojada, dedicada e pobre - como aconselhava São João da Cruz: “Para chegar ao tudo, é preciso renunciar ao tudo.” Seu amor à vocação é evidente. A lucidez dos seus conselhos e a arte da escuta — tão rara hoje - são marcas de quem soube moldar o coração no ritmo do Evangelho. Pastor fi...

Venerável Pe. Celso Alípio-70 anos de vida sacerdotal

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  Hoje, o querido Pe. Celso Alípio Mendes da Silva celebra 70 anos de vida sacerdotal. Que existência tão frutuosa, apaixonada e marcada por um coração generoso. Verdadeiramente um  vir Dei : um homem configurado a Cristo, que sempre amou Jesus com a força da própria vida. Nos momentos mais difíceis da Igreja, jamais a abandonou. Vive de modo modesto e despojado em um pequeno apartamento, onde guarda vivas suas lembranças — fotos e móveis antigos que recordam seus amados pais e familiares. Assim é Pe. Celso: um homem virtuoso e sempre dedicado às coisas de Deus. Tenho-o como exemplo de homem e de sacerdote. Sinto vontade de visitá-lo mais vezes, de escutar suas histórias. Que mente brilhante: aos 94 anos, recorda pessoas, padres, bispos e acontecimentos eclesiais marcantes da Igreja no Brasil. Outra nota referencial:  vir ecclesiae , homem da Igreja. Não podemos dissociá-lo do eterno pároco da Catedral Metropolitana, que por décadas, de modo simples, discreto e articulado...

Dom Henrique Soares da Costa: Há Cinco Anos, uma Voz Profética Subia ao Céu

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Bispo de Palmares, Dom Henrique Soares — Foto: Sacerdo Photos/Foto Pe. Jerônimo Pereira Bezerra      Há cinco anos, a Igreja peregrina perdia uma de suas mais luminosas vozes: Dom Henrique Soares da Costa, bispo de Palmares (PE), que partiu para o Pai em 18 de julho de 2020. Sua vida foi uma oferta total a Cristo e à Igreja. Sua voz, sua lucidez e sua doçura permanecem vivas nos corações dos que o ouviram — dos mais simples aos mais eruditos.   Um Bispo Segundo o Coração de Cristo   Dom Henrique não era apenas um mestre da doutrina — era um verdadeiro pastor. Viveu profundamente unido a Jesus, sobretudo na cruz da enfermidade, que o preparou para o abraço definitivo do Ressuscitado.   “Senhor, eu vivi Contigo, eu Te procurei a vida toda, eu me uni a Ti, até nessa doença eu me uni à Tua morte. E agora, eu vou para os Teus braços, na Tua Ressurreição.” — Dom Henrique Soares da Costa   Homem de grande humildade, ensinava que o caminho da fé passa pelo esv...

“A Verdade por Trás da ‘Missa de Sempre’: Tradição ou Ideologia?”

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(Print do YouTube do centro Dom Bosco -24/12/25-) Antes de qualquer rótulo ou classificação, declaro: não sou modernista, nem tradicionalista, tampouco liberal, conservador, de esquerda ou de direita. Sou simplesmente um sacerdote católico, inserido no seio da Igreja, fiel ao seu magistério, à sua Tradição viva e à Sagrada Escritura (cf. Dei Verbum, 10). No vídeo recentemente publicado por Álvaro, presidente do Centro Dom Bosco, afirma-se categoricamente que o “arcebispo persegue a missa de sempre e escandaliza os fiéis”. Tal afirmação encerra uma pretensão de exclusividade da verdade e manifesta uma atitude que compromete o verdadeiro diálogo eclesial. Infelizmente, incorre-se aqui numa forma sutil, mas grave, do pecado de orgulho espiritual, onde se acredita ser o único guardião da verdadeira fé. O Magistério como Intérprete da Fé A Tradição não é uma realidade estática, fossilizada em um passado idealizado, mas é viva, em comunhão com o magistério e sob a ação do Espírito Santo. O C...

O Tempo Está Passando — E Você Está Vivendo ou Apenas Sobrevivendo?

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Hoje, logo cedo, meus pensamentos se voltaram para um tema inevitável e, por vezes, desconcertante: a brevidade da vida. Sim, o tempo passa — e nós passamos com ele. A existência é efêmera, fugaz, como a brisa que sopra e logo se dissipa. Por que então nos prendemos tanto ao que é secundário? Por que gastamos energia com sentimentos, pensamentos e emoções que, no fundo, pouco acrescentam à nossa essência? Como canta Maria Bethânia, o tempo é o “compositor do destino”. Contudo, esse mesmo tempo que nos guia, também nos testa. Pode ser generoso, mas também implacável. Algumas pessoas merecem o investimento do nosso tempo; outras, precisamos aprender a deixar que o próprio tempo revele seu real valor. E talvez, no futuro, percebam que o tempo que não nos dedicaram foi, na verdade, um tempo perdido. Espere… Confie. No tempo certo, tudo acontece. A ansiedade nos corrói, querendo que a vida se encaixe no compasso do nosso desejo. Mas esquecemos que não somos os maestros do tempo. “Tudo tem o...

Francisco: testemunho de coerência e amor evangélico

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Na segunda-feira da Oitava de Páscoa, o Papa Francisco retornou à Casa do Pai. Com Cristo, fez sua Páscoa definitiva. Seu ministério apostólico-petrino foi marcado por uma palavra que sintetiza sua vida e missão:  coerência . Francisco realizou uma radical “opção preferencial pelos pobres”, dedicando-se inteiramente àqueles que sofrem, aos descartados da sociedade e à defesa incondicional da dignidade humana. Sua vida foi também um grito profético em favor da preservação da criação, nossa “casa comum”. Como afirmou meu arcebispo:  “O Papa Francisco era um mestre em humanidade.” Ele sabia cuidar do ser humano, amar sem preconceitos e sem julgamentos, como alguém que aprendeu de Jesus a ternura do olhar e a força do acolhimento. Suas palavras e gestos, por vezes, me deixavam inquieto e me levavam a repensar a fé, a prática cristã e a missão da Igreja no mundo. Seu testemunho de acolhida generosa e desinteressada nos ensinava o verdadeiro sentido do amor evangélico. Francisco, o ...